Capítulo V – Na Torre
Conn subiu as escadas da torre do Sync MacRath com a expressão sisuda de sempre. Já havia deixado as caixas de cristais com os criados lá em baixo que trataram de separar e armazenar devidamente por qualidade, quantidade e peso. Tudo para que fossem vendidas aos territórios vizinhos ou usadas nas cidades sob controle de Amlodd.
No alto da torre havia apenas uma porta de madeira, que não tinha tranca. Apenas uma grande pedra lisa e branca, no seu centro. Conn colocou sua mão ali e a porta vibrou, ouviu-se um baque surdo e a porta se abriu para dentro.
Revelou um enorme salão redondo, com um grande e ornamentado carpete no seu centro. Móveis de madeira com centenas de livros, frascos, objetos como compassos, lunetas, réguas, papiros e tinta e pena. Escrivaninhas repletas de anotações. Parte da parede havia mapas de Wolnard, alguns deles em detalhes.
Havia também uma cama não muito luxosa no lado oposto, e acima dela um grande quadro representando uma batalha entre titãs. Um grande titã alado e outro com poderosos chifres.
As janelas deixavam entrar a claridade lá de fora de maneira satisfatória pois haviam janelas de todos os lados. Mas era possível ver pesadas cortinas cor de carmim escondendo algumas delas.
– Cristais entregues e encaminhados – disse Conn – Em breve conseguiremos também o suficiente para localizar um novo cristal Elemental. A quantidade de Cristais de Luz ainda é insuficiente para a mistura na Reveladora.
Conn se aproximou de uma das escrivaninhas e abriu uma das gavetas. De lá tirou um pequeno papiro. Abriu e o esticou para anotar.
– Está mais escasso do que ultimamente – ele continuou dizendo – Mas nada preocupante, dado o tempo que nós temos.
Ao finalizar a notação, Conn foi até o armário no outro lado do quarto, o abriu. Dentro havia vestes roxas, de tecido leve e bordados de dourado. A deixou sobre a cama.
– Até porque, segundo sabemos, nenhum outro cristal elemental foi visto ou sentido por centenas de anos. Creio que o que nos aguarda, ainda está profundo na terra – concluiu ele.
Conn foi entao até uma das janelas. De lá viu carregamentos saírem em carruagens, já com destinos certos para as cidades de Obizarando, principal cidade satélite de Germot e a mais nova mina aberta em Mezko mais adiante a oeste.
Foi quando Conn olhou novamente para trás, e um brilho reluziu na pintura. Um brilho que parecia vir de trás da figura do titã com chifres. Conn logo percebeu que algo estava muito fora do comum.
– Isso não poderia ser possível! – Disse ele.
Ele afastou o quadro de maneira que parecia preparado para isso. De lá pode ver uma pequena reentrância na parede que de dentro emanava uma luz roxa. Com um aceno suas vestes lhe cobriram, outro aceno e a pequena abertura na parede se moveu como um quebra cabeças se desfazendo, de dentro veio até sua mão um colar bastante adornado onde um cristal emanava a luz roxa. A luz refletia em seus olhos cinzentos. Os olhos de Tormod.
– Bem… – disse ele lentamente – existe novamente outro Sync além de mim…