Capítulo II – Titãs de Wolnard

Contam os antigos que o primeiro titã a pisar nas terras de Wolnard foi Biaëe. Ele emergiu do lago que recebeu seu nome, depois de uma violenta tempestade que assolou o planeta inteiro. Meteoros caiam dos céus, descargas elétricas clareavam até as mais escuras grutas, o ar era venenoso e as águas eram impuras. Não haviam animais ou plantas. Apenas lama, vento e fogo.

Após uma sequencia muito peculiar de precipitação, raios e fogo, Biaëe emergiu daquele caldo lamacento e tóxico. Sua pele verde reluzia com escamas, seus olhos transpassavam a escuridão com um brilho opaco em seu interior. Ele tinha braços e pernas, mas suas mãos não tinham dedos. Andava sobre estes membros, a passos lentos. Quatro gigantescos troncos que se afundavam e abalavam o chão por onde passava.

De suas costas brotavam placas que ao absorver o ar ao seu redor ao mesmo tempo o purificava. Devagar, no dorso de Biaëe, protuberâncias se projetavam das placas, como nodosos galhos de plantas e delas suas escamas novas eram como folhas. Uma montanha verdejante que se movia sem rumo pelos desertos lamacentos de Wolnard.

Em pouco tempo de seus galhos no dorso se desprenderam esporos e pequenas outras plantas nasciam por onde Biaëe havia passado. Tanto foi sua andança que toda Wolnard foi tomada por toda sorte de plantas. Algumas adquiriram vida e se tornaram filhos seus. Titãs menores em força e poder, mas ainda assim majestosos e dignos de veneração e respeito. Um dia, das pegadas de Biaëe – misturas aleatórias de galhos, barro e água – outras criaturas, muito menores e sem poderes surgiram.

Os antigos não sabiam dizer se Biaëe era senciente. Nem mesmo se era consciente. Mas entendem-no como uma verdadeira força da natureza. Não sabem dizer também seu paradeiro. Biaeë está adormecido, dizem, no coração de Wolnard, dentro do circulo de cristais elementais. Uma área quase inacessível do planeta. Os poucos que se arriscaram a atravessar suas densas, escuras e por vezes traiçoeiras florestas jamais retornaram.

E Biaeë não surgiu sozinho. Ele foi apenas o primeiro.

Aethan, Anemos e Hudor. Fogo, vento e água em suas inúmeras misturas com as plantas e animais de Biaëe, diversificaram ainda mais o planeta. Novos titãs filhos dos titãs primordiais também se espalharam por toda Wolnard. Tomando montes, florestas, grutas, lagos e vulcões como seus lares.

Wolnard tambem deu origem a elementos não vivos, oriundos de outras misturas de fogo, raios e lama: os Cristais. Alguns utilizados até hoje como fonte de energia, moeda de troca e alimento para os seres viventes. Outros, como os Cristais Elementais que existem muito mais raramente, são utilizados para forjar elos entre os habitantes das tribos de Wolnard e os titãs filhos dos primordiais. Estes que controlam o poder de forjar os elos são chamados se Síncronos – ou Sync – pois se unem em mente e alma ao titã pela força dos cristais.

Até aqui isso era tudo o que Cailean também sabia. Ele ainda dorme na floresta de Muire. Mas algo se aproxima de seu corpo inerte, entorpecido por certas frutas vermelhas impróprias para consumo – a menos que se queira uma semana de sono profundo.

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